segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Salvador Felipe Jacinto Dalí i Domènech


Salvador Dalí nasceu às 8h45 da manhã de 11 de Maio de 1904, no número 20 do carrer (rua) Monturiolin da vila de Figueres, Catalunha, Espanha. O pai era o notário Salvador Dalí i Cusí (de remota origem árabe), confortavelmente instalado na classe média, figura popular da cidade e senhor de um carácter irascível e dominador. A mãe, Felipa Domenech (cuja família de longínquas origens judaicas era oriunda de Barcelona), era uma plácida e carinhosa dona de casa, um pouco dada ao catolicismo. Dalí frequentou a Escola de Desenho Municipal, onde iniciou a sua educação artística formal. Em 1916, durante umas férias de verão em Cadaquès, passadas com a família de Ramon Pichot, descobriu a pintura impressionista. Pichot era um artista local que fazia viagens frequentes a Paris.

No ano seguinte, o pai de Dalí organizou uma exposição dos desenhos a carvão do filho na sua casa de família. Dali teve a sua primeira exposição pública no Teatro Municipal em Figueres em 1919. Em 1921, a sua mãe morreu de cancro e passado um ano o pai casou-se com "Tieta", a irmã de Felipa, o que de certo modo teria magoado o jovem Dalí.

Em 1922, Dalí foi viver em Madrid, onde estudou na academia de artes de San Fernando. Já então Dalí chamava a atenção nas ruas como um excêntrico, usando cabelo comprido e patilhas, casacos compridos, um grande laço ao pescoço, calças até ao joelho e meias altas, (num estilo reminescente de Oscar Wilde e dos seus seguidores estetas). O que lhe granjeou maior atenção por parte dos colegas foram os quadros onde fez experiências com o cubismo (embora na época destes primeiros trabalhos cubistas ele provavelmente não compreendia por completo o movimento, dado que tudo o que sabia de arte cubista provinha de alguns artigos de revistas e de um catálogo que Ramon Pichot lhe oferecera, visto não haver artistas cubistas, ao tempo, em Madrid).

Dalí fez também experiências com o Dadaísmo, que provavelmente influenciou todo o seu trabalho. Nesta altura, tornou-se amigo íntimo do poeta Federico García Lorca e de Luis Buñuel. Mais tarde tornar-se-ia amante de Lorca. Dalí foi expulso da Academia em 1926, pouco tempo depois dos exames finais, em que declarou que ninguém na Academia era suficientemente competente para o avaliar.

Foi nesse mesmo ano que Dalí fez a sua primeira viagem a Paris, onde se encontrou com Pablo Picasso, que era reverenciado pelo jovem Dalí. ("Vim vê-lo antes de ir ao Louvre", disse-lhe Dalí. "Fez você muito bem", respondeu-lhe Picasso.) O artista mais velho já tinha ouvido falar bem de Dalí, através de Juan Miró. Nos anos seguintes, Dalí realizou uma série de trabalhos fortemente influenciados por Picasso e Miró, enquanto ia desenvolvendo o seu estilo próprio. Algumas tendências no trabalho de Dalí que iriam permanecer ao longo de toda a sua carreira já eram evidentes nos anos 20, mas ele devorou influências de todos os estilos de arte que conseguiu encontrar e produziu trabalho do classicismo mais académico à vanguarda mais avançada, por vezes em obras separadas, por vezes combinados na mesma obra. As exposições dos seus trabalhos em Barcelona despertaram grande atenção e uma mistura de elogios e debate surpreendido por parte dos críticos.

1929 foi um ano importante para Dalí. Foi nesse ano que ele colaborou com o cineasta espanhol Luis Buñuel na curta-metragem Un Chien Andalou e que conheceu, em agosto, a sua musa e futura mulher, Gala Éluard (de seu nome verdadeiro, Elena Ivanovna Diakonova, nascida em 7 de Setembro de 1894, em Kazan, Tartária, Rússia), uma imigrante russa dez anos mais velha que Dalí que estava na época casada com o poeta surrealista Paul Éluard. No mesmo ano, Dalí teve exposições profissionais importantes e juntou-se oficialmente ao grupo surrealista no bairro parisiense de Montparnasse (embora o seu trabalho já há dois anos que vinha sendo fortemente influenciado pelo surrealismo).

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